Grupo de Pesquisa Orì prepara lançamento da primeira edição da sua Revista
Geral, Pesquisa
O grupo de pesquisa Orì, do Campus de Curitiba II/FAP da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), sob a liderança do professor Cleberson D. Gonçalves Maddox, em colaboração com o grupo DOBRA da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e o grupo ATA/QUE da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), está desenvolvendo um abrangente estudo que será disseminado em 16 edições de revista no formato online. Esta coletânea incluirá entrevistas, itãns (narrativas antigas e míticas de Orixás) e obras de arte criadas por artistas visuais.
A primeira edição da Revista Orì está prevista para lançamento em meados de fevereiro de 2025, com ISBN e distribuição gratuita. Esta edição abordará o tema Ogun, enquanto as edições subsequentes tratarão de outros Orixás/Nkises do Candomblé. O propósito central é explorar as histórias do Candomblé no Paraná e sua conexão com as figuras mais proeminentes da religião afro-brasileira no Brasil, revelando as raízes culturais deste enredo na região Sul do país.
Convidamos todos os interessados a obter mais informações ou a participar do desenvolvimento colaborativo por meio do e-mail grupoorifap@gmail.com ou pela página do Instagram @grupopesquisaori.
Segue abaixo o enredo da primeira edição, mantendo aberto o convite para aqueles interessados em acessar o conteúdo. O lançamento da primeira edição ocorrerá com um evento no Campus de Curitiba II/FAP em meados de fevereiro, contando com uma palestra de Pai Marcus e a equipe do Grupo Orì.
Ele é de Nkosi, ele é de Ogún, o candomblé de Angola em Curitiba tem nome:
Pai Marcus Vinicius Ribas Muzzillo
No coração de Curitiba, pulsa um legado ancestral carregado pela força e tradição das culturas africanas. O mais antigo ilê da cidade, pertencente à nação Angola, preserva em suas raízes a história rica e poderosa de Manoel Atilio Trevisani Muzzillo e Arilda Ribas Muzzillo, ambos in memorian, figuras centrais na fundação do Primeiro Terreiro de Angola de Curitiba. Hoje, esse legado é, também, mantido vivo e explorado por seu filho, Pai Marcus Vinicius Ribas Muzzillo, conhecido no Candomblé como Pai Taluande (outras autoridades do ilê só poderão ser mencionadas caso haja autorização das mesmas). Este terreiro transcende o espaço de fé, se consolidando como um marco cultural que une tradições passadas ao presente, celebrando a espiritualidade por meio de manifestações como o afoxé e a sacralização de espaços urbanos, exemplificada na década de 1970, na Praça Tiradentes.
Sobre Pai Marcus Vinicius Ribas Muzzillo
Pai Marcus Vinicius Ribas Muzzillo carrega em sua trajetória espiritual a influência de algumas das figuras mais respeitadas do Candomblé. Seu Santo foi feito pelo ilustre Pai Fernando de Oliveira Perna, Babalorixá Mavam Dilè da Angola Goméia, perpetuando uma linhagem espiritual de grande importância, ligada ao mítico Joãozinho da Goméia. Pai Fernando iniciou-se com Mãe Arilda no seu Ilê Asè (Curitiba), que, por sua vez, foi feita por Fernando Costa, do Angola Bate Folha/RJ. Pai Fernando foi zelado, posteriormente, por Mãe Kitala Mungongo, filha de santo de Joãozinho, o que reforça a poderosa conexão entre os principais axés de Angola no Brasil, o Bate Folha e o Goméia. A relação de Joãozinho da Goméia com Mãe Menininha do Gantois, da nação Ketu, enriquece ainda mais essa narrativa ancestral. Neste sentido, Pai Marcus Vinicius Ribas Muzzillo carrega o axé de figuras míticas e muito respeitadas na tradição afro religiosa.
A Sacralização e a Herança Ancestral em Curitiba
A sacralização das Gameleiras Brancas da Praça Tiradentes, destinada ao Orixá Tempo (Angola) ou Iroko (Ketu), liderada por Mãe Arilda e outros Pais de Santo, é uma das muitas expressões culturais que afirmam a presença e a importância das religiões afro-brasileiras na sociedade de Curitiba. No presente, o legado de Pai Muzzillo de Ogum e Mãe Arilda continua a ser celebrado e expandido através de colaborações acadêmicas e culturais.
Iniciativas Acadêmicas e Culturais
O grupo de pesquisa Orì da Universidade Estadual do Paraná, liderado pelo Dr. Cleberson D. Gonçalves Maddox, em colaboração com o grupo DOBRA da Universidade Estadual de Maringá e o grupo ATA/QUE da Universidade Federal de Juiz de Fora, estão empenhados no lançamento da primeira revista dedicada ao Orixá/Nkise Ogum. Sob a coordenação das professoras e pesquisadoras Dra. Roberta Stubs e Dra. Annelise Nani da Fonseca, essa publicação buscará oferecer uma visão detalhada das mitologias (itãs) e incluir uma entrevista exclusiva com Pai Marcus Vinicius, destacando seu axé e a importância de suas práticas espirituais.
O futuro:
A entrevista com Pai Marcus, acompanhada por uma exposição de arte sobre o Orixá, será um marco na celebração e reflexão sobre a herança cultural afro-brasileira. Em parceria com diversas instituições governamentais e científicas, esse evento culminará em uma palestra na Universidade Estadual do Paraná, Campus de Curitiba II/FAP, aproximando a academia da rica espiritualidade e cultura do Candomblé. Esta é uma oportunidade única para reconhecer e valorizar a contínua influência das tradições afro-brasileiras em nossa sociedade, promovendo um diálogo inclusivo e respeitoso sobre nossas raízes coletivas.